Elegia para a Morte
Por Nada (
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Sinto teu gélido toque em minha face
E resgato das trevas sua pálida imagem
Teu suspiro, tão fatal, não me assusta
Pois há um fim para a vida de passagem
Para o sangue derramado em teu nome
Para o teu fogo que tanto me consome
Teu olhar me paralisa em ártica frieza
E teu chamado me priva de toda firmeza
Minha alma, solitária, anseia por teu beijo
Por teu canto que me restaura a destreza
Para erguer-me do sono comatoso da vida
Para hospedar-me submisso em tua ermida
Bolina-me fundo com tuas mãos sedosas
E excita-me com tua sabedoria imperecível
A sedução, maior dos jogos, se concretiza
Tu me escravizas assim de modo perceptível
Para valer-se de minhas ignorâncias cruas
Para banhar-se em nossas mentiras nuas
Afasta-te de mim como cruel espírito, Morte
E me negas teu reconfortante colo eterno
Nosso choro, amores partidos, ecoa solene
Despindo as árvores em nosso inverno