Eis as canções de um Poeta Morto, em homenagem ao momento que agora jaz no oblívio.
Canções de meu santo nome, Nada - nada quem sou, sofrendo nos dias a distância da Amada.
Canções que celebram o sagrado em meu coração: carpe diem, memento mori
12 de novembro de 2012
Necrópole
Necrópole
por Nada (http://cancoesdeumpoetamorto.blogspot.com)
Colho as sombras que perturbam as árvores
No silêncio impenetrável deste cemitério
Bordeado por ancestrais perenes ciprestes
E flores negras rancorosas de fumo ébrio
Ergo os jazigos vazios há muito abandonados
Quando os mortos decidiram caminhar de novo
Por entre os vivos e os seus reis coroados
Pela pura vergonha de seus próprios estorvos
Caminho de túnica e toga neste frio Elísio
Enquanto procuro por minha doce Andrômeda
Que Perseu nenhum pôde trazer do exílio
E à Dama Negra entregou-se vestindo seda
O Sol regojiza-se Negro entre as Mil Cinzas
E a Lua parece fugir em pavor de sua Face
Das nuvens que se lhe estendem como pinças
Arautos da Noite Eterna em pleno desenlace
Eu entrego meu último sopro à mais cruel vida
Preparando-me para sonhar frio em seu lado
Curtos são os meus dias nesta última ermida
Mas por seu Sangue sou no final abençoado
31 de outubro de 2012
Samhaim
Uiva selvagem a Lua para comemorar
Esta é a Mais Bela das Noites de todas
Brindemos, o Avô Inverno está a chegar
E reclamará para si nossas belas oferendas
O Frescor da Primavera e o Sol do Verão
Pusemos todos no Altar das Eternidades
Ao lado da Chama da Vela e da Rosa em Botão
E no o Cálice da Vida, o Vinho das Verdades
Está feito, esta é a Mais Longa das Noites
Meus joelhos se dobram em antecipação vil
Pelo sorriso da Deusa Mãe das Mil Côrtes
Está feito, entrego em teu colo minha vida
Minha alma ascende alegre aos Céus de Anil
Pelo gosto do Teu Beijo, a Suave Despedida
26 de outubro de 2012
Elegia para a Morte
Elegia para a Morte
Por Nada (http://cancoesdeumpoetamorto.blogspot.com.br/)
Sinto teu gélido toque em minha face
E resgato das trevas sua pálida imagem
Teu suspiro, tão fatal, não me assusta
Pois há um fim para a vida de passagem
Para o sangue derramado em teu nome
Para o teu fogo que tanto me consome
Teu olhar me paralisa em ártica frieza
E teu chamado me priva de toda firmeza
Minha alma, solitária, anseia por teu beijo
Por teu canto que me restaura a destreza
Para erguer-me do sono comatoso da vida
Para hospedar-me submisso em tua ermida
Bolina-me fundo com tuas mãos sedosas
E excita-me com tua sabedoria imperecível
A sedução, maior dos jogos, se concretiza
Tu me escravizas assim de modo perceptível
Para valer-se de minhas ignorâncias cruas
Para banhar-se em nossas mentiras nuas
Afasta-te de mim como cruel espírito, Morte
E me negas teu reconfortante colo eterno
Nosso choro, amores partidos, ecoa solene
Despindo as árvores em nosso inverno
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